Continua por encontrar o antídoto para contrariar o cinismo e a eficácia do Real Madrid edição 23/24 na Liga dos Campeões.

Uma parte e um português pareceu suficiente para o Bayern Munique fazer algo inédito nesta temporada. Na noite desta terça-feira, Bayern Munique e Real Madrid empataram, a dois golos, na primeira mão das meias-finais da Liga dos Campeões.

Os bávaros estiveram próximos de concretizar o que o Manchester City apenas ameaçou. Todavia, Vini Jr., Kroos e Rodrygo continuam implacáveis. Rebobinemos.

Se Ancelotti optou por Camavinga como suplente, Tuchel, por sua vez, deixou Raphaël Guerreiro no banco.

Perante um autêntico muro vermelho, os bávaros ansiavam intimidar os «Merengues». Como tal, a entrada das equipas em campo foi arrepiante, à boleia da homenagem ao eterno «Kaiser» Franz Beckenbauer.

Reveja, aqui, o filme da partida.

Dado o apito inaugural, os anfitriões assumiram a batuta, na procura de domar o ímpeto ofensivo dos espanhóis. Entre ensaios, ora por Sané, ora por Kane, o Bayern Munique não dava qualquer oportunidade de o Real Madrid, sequer, almejar o contra-ataque. Assim, ao cabo de 15 minutos, os alemães goleavam em remates (6-0), além de dominarem a posse.

Sem aviso – como é já marca de água – o Real Madrid inaugurou o marcador. Na primeira incursão ofensiva, aos 24m, Kroos rasgou o posicionamento defensivo do Bayern, convidou à corrida de Vini Jr. e serviu o brasileiro para o 0-1. Ingénuo, o central Kim permitiu ao avançado galgar da esquerda para o meio, expondo Neuer, incapaz de estender a mancha até ao esférico.

Feridos, os bávaros foram incapazes de retomar o controlo do encontro até ao intervalo. Erráticos na construção, permitiram aos forasteiros cimentar posições nas transições e conservar a vantagem no marcador. À semelhança da partida em Manchester, o Real Madrid defendeu com 10 unidades, deixando Vinícius solto para a contraofensiva.

Entre livres, Kane e Rodrygo foram incapazes de elevar as emoções. Como tal, ao intervalo, Ancelotti teria a salientar a eficácia e consequente organização. No balneário do lado, Tuchel viu-se obrigado a adaptar a estratégia, a fim de capitalizar a imprevisibilidade de Sané e Musiala, até então muito «amarrados» aos flancos. Por isso, o treinador alemão trocou Goretzka por Guerreiro na pausa.

Quarteto fantástico e o português silencioso

Reatado o encontro, o Real Madrid guardou uma última cartada, antes da reação germânica. Aos 52m, Kroos recuou no tempo, porventura aos treinos no Bayern Munique ou da seleção alemã, e testou a elasticidade de Neuer. De facto, velhos são uns trapos. Um arco irrepreensível e um voo notável.

Ora, se tal lance terá sido um regalo para o olhar do selecionador Nagelsmann, o que se seguiu deixou água na boca de toda a Alemanha, que este verão recebe o Europeu.

No minuto seguinte, Sané empatou o encontro. A solo, da direita para o meio, o avançado desferiu um míssil, ao primeiro poste, indefensável para Lunin.

O primeiro momento de festa na Allianz Arena foi estendido dois minutos depois, quando Nacho derrubou Musiala na área. Errático, o defesa espanhol não deu conta da quantidade de colegas em redor. Em simultâneo, Musiala sentiu-se livre para, por fim, assumir a posse, deambular do corredor esquerdo e olhar para a baliza «Blanca».

Em suma, sem se notar, Guerreiro foi o mote para a reviravolta do Bayern Munique, permitindo, sobretudo a Musiala, explorar espaços mais centrais no campo.

O relógio marcava 57 minutos quando Kane soltou a festa na fortaleza bávara, anotando o oitavo golo na Champions, igualando Mbappé na liderança dos melhores marcadores da prova.

Kim ofereceu empate a Vini Jr.

As sucessivas investidas pareciam adivinhar o terceiro golo do Bayern Munique. Musiala a romper a defesa, Dier a ameaçar nas alturas e Kane a encontrar espaço para rematar. Os «Merengues» estavam, por fim, controlados. Pura aparência.

Aos 79m, Neuer venceu o duelo com Vini Jr., uma vez mais lançado na profundidade. Contudo, três minutos depois, o guardião nada podia fazer perante o penálti cobrado pelo brasileiro. Após falta de Kim – com uma noite complicada – Vinícius capitalizou a oportunidade para repor o empate e assinar o quinto golo na prova, igualando Rodrygo como melhor marcador dos «Blancos».

Até final, as faltas acumularam-se e as oportunidades escassearam. Aquando do derradeiro apito, os comandados de Ancelotti guardavam um sorriso de alívio, mantendo a eliminatória «viva» para as decisões no Santiago Bernabéu, na noite da próxima quarta-feira (8 de maio).

Para o Real Madrid são oito os jogos sem perder ante o Bayern Munique. Ao mesmo tempo, seguem invictos nesta edição da Liga dos Campeões.

Por sua vez, este foi o 16.º jogo do Bayern Munique sem perder em casa para a Liga dos Campeões. Suficiente para atestar o poderio destes colossos europeus.

Trata-se do quarto empate neste duelo, ao cabo de 27 partidas. Sortudos aqueles que assistem a tal embate.

Pausa para campeonatos. Ora, na liderança da La Liga, o Real Madrid recebe o «aflito» Cádiz na tarde de sábado. Por sua vez, o Bayern Munique terá um exigente teste no reduto do Estugarda, terceiro classificado, também na tarde sábado.

Enquanto houver tempo para jogar, o sonho prevalecerá. Real Madrid de olho na 15.ª Champions, Bayern Munique a espreitar a sétima e, tal como em 2013, em Wembley.

IMAGENS ELEVEN NA DAZN.