Luiz Felipe Scolari orientou a seleção portuguesa entre 2003 e 2008, foi vice-campeão europeu e quarto classificado num Campeonato do Mundo, além de ter estreado vários jogadores, entre eles, Cristiano Ronaldo. O treinador brasileiro recordou o período em que esteve na «equipa das Quinas» e contou que recusou uma proposta de Itália para vir para Portugal.

«Não digo que revolucionamos o futebol no país, digo que mudámos o perfil de algumas pessoas para acreditarem mais nos seus jogadores e em si como pessoas», começou por dizer, em entrevista à Globo.

«Quase ninguém sabe, mas recebi uma proposta da seleção italiana, tinha praticamente tudo acertado.... depois é que cheguei a acordo com Portugal. A seleção portuguesa tinha perdido na primeira fase em 2002 e tinham existido problemas entre atletas, federação e técnicos», acrescentou.

Murtosa, fiel escudeiro de Scolari, contou ainda como foram os primeiros tempos na seleção nacional e que Luís Figo não aceitou bem algumas das mudanças que foram implementadas numa altura em que o ambiente no grupo não era o melhor. «O Figo teve uma disputa com o Felipão. Mas o Felipão disse-lhe: 'Podes discordar, mas quem manda aqui sou eu e acabou"», partilhou na mesma entrevista.

Scolari revelou ainda como ficou a conhecer Cristiano Ronaldo, então jovem de 17 anos da formação do Sporting. «Por algum motivo, o Murtosa foi assistir a um jogo dos juniores do Sporting e voltou boquiaberto. Disse-me: "Felipe, tem um cavalo lá, um jogador espetacular". Então perguntei: "Quem é, Murtosa?" Ao que ele me respondeu que era o Cristiano Ronaldo. Está bem. tem 17 anos...», referiu o ex-selecionador.

Ronaldo estreou-se pela seleção AA, foi uma das revelações do Euro 2004 e afirmou-se rapidamente como uma das figuras da equipa. Entre tantos e tantos momentos marcantes que viveu com o avançado, Scolari lembrou o dia em que teve de informar o jogador da morte do seu pai.

«Estávamos na Rússia, concentrados para um jogo da fase de qualificação para o Campeonato do Mundo de 2006. Ele chorou bastante e eu também devo ter chorado. Conversámos bastante e disse-lhe: "Pega nas tuas coisas e vai ao funeral do teu pai". E ele respondeu: "O meu pai faleceu, não vou fazer nada lá. Vou ficar e vou jogar!". Disse-lhe que não, mas acabámos por combinar que ele ia embora assim que o jogo acabasse. Jogámos, empatámos e ele jogou muito bem», rememorou.